A clínica winnicottiana se sustenta na Teoria do Amadurecimento, de autoria de Donald Winnicott, o qual acreditava que todo ser humano tem potencial inato para amadurecer, dependendo, para tanto, de cuidados suficientemente bons, oferecidos pelo ambiente. Nessa perspectiva, a constante oferta de cuidados constitui no sujeito, ainda bebê, um sentido de continuidade, uma crença no outro, sedimentando o senso do real, o sentir-se vivo.
Segundo Dias (2021), Winnicott se deu conta da importância desse “sentir-se vivo” atribuindo como uma das principais tarefas da sua clínica a oferta desse sentido – o viver, para aqueles que se sentem aquém da vida, mesmo que por um determinado momento ou circunstância.
Portanto, cabe ao terapeuta se concentrar na pessoa e no contexto geral do paciente, resguardando a confiabilidade, que se dá na figura dele – terapeuta, sendo consistentemente ele mesmo – real, dispondo do manejo para o atendimento.
Em termos práticos, o manejo se apresenta no atendimento psicoterapêutico, com encontros de 50 minutos, cuja frequência se estabelece a partir da necessidade do paciente, priorizando o clarear das experiências vivenciadas, localizando as sensações e nomeando os sentimentos, de modo a favorecer a percepção e escolhas.
A prioridade desse cuidado está no alcance da qualidade de vida como saúde, a despeito da classificação de patologias.
“Não estamos interessados na maturidade individual e em que os indivíduos estejam livres de doença mental ou neurose; estamos interessados com a riqueza do indivíduo não em termos de dinheiro, mas de realidade psíquica interna.” (Winnicott, 1983, p.63).[i]
[i] WINNICOTT, D.W. O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 1983.